Ex-jogador do Goiás fala da carreira quando jogava

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Ex-centroavante e um dos maiores ídolos do Goiás de todos os tempos, Lincoln esteve na semana passada em Palmas visitando os amigos e aproveitou para ir ao Estádio Nilton Santos, que está sendo reformado para o histórico jogo entre Palmas x Atlético Mineiro pela Copa do Brasil. Foi lá que o Leão da Serra, como ficou imortalizado no futebol goiano, deu entrevista ao Jornal do Tocantins, onde relembrou fatos marcantes de sua carreira, como a frustração de não ter jogado no São Paulo por causa de uma contusão, os baixos salários da década de 70, o jogo inesquecível no Pacaembu contra o Santos de Pelé… Lincoln também falou sobre as chances do Palmas contra o time mineiro. Confira os detalhes abaixo.


Dinheiro
Cinquenta e oito anos, cerca de 300 na carreira, em 14 anos dentro dos gramados, sendo 139 gols com a camisa do Goiás e os outros vestindo uniformes tradicionais do futebol brasileiro como o Vila Nova (GO), América (RJ), Atlético (GO), Goiânia, além de Belenenses (Lisboa-Portugal). Este é o saldo da carreira vitoriosa do atacante Lincoln. Apesar de todo o sucesso como jogador, Lincoln conta que não conseguiu juntar dinheiro durante a carreira, pois naquela época o futebol goiano pagava muito pouco. ?Sempre tive carro, apartamento, mas a grana era pouca. O importante é que o que ganhava dava para me manter com dignidade?, lembra o Leão da Serra, apelido do atacante, referência à Serrinha, sede do Goiás.
Lincoln disse que quando jogava ganhou muito carinho e respeito, mas lembra que naquela época, mesmo estando no auge no Goiás, ganhava apenas CR$ 1.350,00. Para se ter uma idéia, um fusca custava CR$ 19 mil, quase 20 vezes o que ganhava. Hoje, lembra, os jogadores do Goiás podem comprar carros importados pelo menos um por mês devido aos altos salários que o clube paga. ? Não ganhei dinheiro porque o futebol não pagava quase nada?. Mas o que vale mesmo é que fui três vezes campeão goiano, três vezes artilheiro do Estadual e marquei o primeiro gol no Serra Dourada. Por tudo isso não há dinheiro que pague o que fiz no futebol?, revela.


Jogo e gol inesquecíveis 
 
Frustração
Lincoln conta que a maior frustração no futebol foi não ter jogado no São Paulo, em 1976, porque os médicos do clube paulista vetaram a sua contratação em razão de uma contusão no joelho. Segundo ele, naquele momento se tivesse acertado com o São Paulo poderia até ter chegado à Seleção Brasileira e com isso ganhado muito dinheiro. Ele conta ainda que a disparidade de salários do São Paulo em relação a Goiás era muito grande. ? Hoje em dia não dá nem para fazer comparações, pois os salários são astronômicos, em vista daquela época?, comenta.
Alegrias
Mas a carreira reservou ao Leão da Serra momentos inesquecíveis, principalmente com a camisa do Goiás. Ele conta que numa partida pelo Campeonato Brasileiro de 1974, ainda valendo pelo de 1973, no Pacaembu, em São Paulo, o Goiás perdia para o Santos de Pelé, Clodoaldo, Cerras, Carlos Alberto, Edu e Cia, por 4 x 1 até 35 minutos do segundo tempo. E em dez minutos, o Goiás conseguiu marcar três gols e chegar ao empate em 4 x 4. ?Sem dúvida que este foi um dos melhores jogos que o Goiás já fez em sua história?, segundo Lincoln, foi a partir deste jogo que o clube começou a conquistar torcedores e crescer no cenário nacional. Lincoln destaca ainda que esta partida foi uma das primeiras transmitidas ao vivo pela televisão para o Estado de Goiás.


Serra Dourada
O dia 9 de março de 1975 também é um dos momentos marcantes para o ex-atacante, afinal, ele marcava o primeiro gol de um jogador brasileiro na história do Estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO). Mas o fato que chamou a atenção da imprensa e dos torcedores é que dias antes do jogo, segundo Lincoln, foi feita uma enquete em Goiânia para saber quem marcaria o primeiro gol no Serra Dourada, e o atacante disse que recebeu 90% da preferência das pessoas afirmando que ele faria este gol. ?Os torcedores sabiam que eu não falharia no dia. E não deu outra. Confirmei a expectativa deles.? Ele lembra com felicidade desta passagem. A partida foi entre seleção Goiana e seleção de Portugal ? com vitória dos goianos por 2 x 1 ? gols de Lincoln e Tuíra. Naquele 9 de março de 1975, o estádio recebeu 76.718 pessoas.


Europa
No ano passado Lincoln recebeu um jantar de homenagem da diretoria do Belenenses, de Portugal, clube que Lincoln jogou entre 1978 e 1980. Segundo ele, fez alguns contatos na Europa e pretende voltar assim que se aposentar da Funasa, onde já trabalha há 24 anos. Lincoln esteve em Portugal pelo período de 82 dias de abril a julho do ano passado e acredita ter aberto novas portas fora do País.? Quem sabe eu possa usufruir da minha aposentadoria morando na Europa?, sonha.


Palmas x Atlético
Lincoln disse que não tem uma boa perspectiva para os torcedores do Palmas no jogo contra o Atlético Mineiro dia 27 de fevereiro, no Nilton Santos. Segundo ele, o Atlético, pela tradição, torcida e principalmente pelo ano do Centenário, deve se classificar diante do Palmas. ?Mas o futebol é imprevisível e tudo pode acontecer?, ressalta o ex-atacante. Ele lembra de um jogo do Gama e Palmas na Capital, em 2001 (dia 17 de janeiro de 2001) ? onde o time do Distrito Federal era franco favorito, mas o Tricolor acabou vencendo com gols de Wesnalton e Arismar, pela Copa Centro-Oeste. ? Sónão podemos comparar o Atlético Mineiro com o Gama?, lembra.


Técnicos
O Campeonato Tocantinense deste ano, que começa no dia 1º de março, terá como principal novidade a ?invasão? de treinadores de fora do Estado. Para o Leão da Serra, isto significa que os dirigentes estão trazendo treinadores de fora porque os daqui talvez não estejam correspondendo à expectativa. Mas ressalta que de um lado é bom e de outro é ruim. ?Podem vir os bons como podem vir os maus, mas só o tempo dirá quem realmente vai servir para seguir no Estado e ajudar no crescimento do futebol do Tocantins?.
 
Perfil 
Nome
: Lincoln de Freitas Neves
Nascimento: 16/08/49
Ídolo no futebol: Pelé
Clube que torcia quando criança: Vasco
Clube que torce atualmente: Goiás
Times que jogou
1967 –
Uberlândia
1968 – Araguari A.C
1969 – Uberlândia, Araguari, Vila Nova (GO)
1970 – Portuguesa (RJ), Fluminense Araguari (MG)
1971 – Vila Nova (GO)
1972/76 – Goiás E.C
1977- América (RJ), Atlético (GO) e Goiás
1978/80 – Belenenses (Portugal/Lisboa)
1989 – Colorado (PR), Goiânia E.C
Artilharia
1973 –
Artilheiro do Goiano com 18 gols
1974 – Artilheiro do Goiano com 18 gols
1976 – Artilheiro do Goiano com 18 gols 
 


(Fonte: Jornal do Tocantins) – www.jornaldotocantins.com.br

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