Especial do Jornal do Tocantins falando do esporte de Palmas

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Apesar da modalidade ter evoluído na capital, com a construção de novas
praças, os clubes precisam se estruturar melhor dentro e fora do campo



A prática esportiva, seja ela qual for, numa cidade como Palmas que brotou do nada, nasce mais da vontade de se extravasar as energias do que do próprio profissionalismo que surge com o tempo. Com o futebol não foi diferente. Segundo relatos do superintendente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF), José Wilson Soares, no início os campos de terra eram improvisados e somente com a criação da Liga Esportiva de Palmas (Lepal) é que as competições de várzea para os ?peladeiros? começaram a ser promovidas.


Em 1994, a sede da FTF veio de Miracema para Palmas, dando início às primeiras competições com a cobertura da imprensa que relatava as dificuldades existentes. O primeiro clube organizado foi o do Canela, cuja documentação foi aproveitada, em 1997, para fundar o Palmas Futebol e Regatas. ?Num gesto de coragem de alguns desportistas com o apoio da FTF, que autorizou a profissionalização do Palmas e enviou a documentação a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na época, o Palmas treinava em campo de terra, na Arse 72, e mandava seus jogos no Estádio General Sampaio, em Porto Nacional?, conta Soares.


Com a profissionalização, foram iniciadas as construções de alguns campos gramados na cidade e futebol começou a ter uma nova cara. ?Hoje temos o Estádio Nilton Santos e um total de seis campos gramados?, destaca Soares, lembrando que grandes clubes do futebol brasileiro já jogaram em Palmas e no Estado. ?Flamengo (RJ), América (MG), Bahia, Portuguesa (SP), Goiás, Gama e Atlético Mineiro?, enumera.


PATRIMÔNIO
Apesar da evolução do futebol na cidade – que hoje conta com três novos clubes: Tocantins, São José e Tubarão, além do Palmas -, a modalidade ainda sofre com a falta de investimento e até de infra-estrutura. ?Os clubes precisam melhorar suas estruturas físicas, buscar associados para construir as sedes de seus clubes com campos de treinamento, piscinas e restaurantes. Criar condições para fidelizar o torcedor e não depender exclusivamente do poder público?, frisa Carlos Magno que já foi técnico de vários clubes no Tocantins, inclusive, do Palmas.


O ex-jogador ex-dirigente do Palmas Belmiran de Souza também compartilha da mesma opinião. ?Nenhum desses clubes tem centro de treinamento próprio. Treinam em áreas emprestadas pelo poder público. E se um dia não puder mais treinar nessas áreas como vai ficar a situação?, questiona. ?Está faltando planejamento para buscar parcerias junto à iniciativa privada ou pública para investir nessa estrutura definitiva e ainda investir nas categorias de base?, diz Souza, lembrando que o êxito do Palmas em 2003 (7º lugar no Brasileiro Série C) e 2004 (8º lugar na Copa do Brasil) se deve aos meninos da base existente na época.


Outras medidas  
SOLIDARIEDADE
– Anterior a essas conquistas, o ex-zagueiro do Palmas Romílton Farias lamenta as perdas do Estadual de 1998 para o Alvorada e da Copa Tocantins para o Interporto no mesmo ano. ?Eram tempos difíceis, ficamos três ou quatro meses sem receber. Como meu salário era pago por um empresário na cidade, eu acabava tirando do meu, para ajudar colegas que eram casados e estavam longe da família e precisavam mantê-las mesmo assim?, conta Farias que considera os dias de hoje bem melhores. ?Pelo menos tem mais clubes e mais patrocínio que antes. Mas ainda há muito o que melhorar?, frisa. 


 


Cai número de atletas federados na natação


O nível técnico e o tempo dos nadadores tocantinenses vêm melhorando, mas o número de atletas associados a Federação Aquática do Estado do Tocantins (Faeto) vem diminuindo com os anos. Essa é análise que a presidente da entidade, Cilsa Arantes, faz da real situação da natação na Capital e no Estado. ?Já tivemos 400 atletas federados. Hoje são apenas 120. Os clubes estão com dificuldades para se manter. E nossa participação em competições fora vem acontecendo de forma muito difícil?, conta.


Cilsa conta que cada a queda na água, o nadador paga R$ 8,00 que ajudam a federação a se manter nos campeonatos. ?Isso pesa para os atletas que só tem suas família para ajudar nas despesas. Está faltando apoio do poder público. Não adianta recorrer a iniciativa privada porque não temos grandes empresas e as que têm ajudam esporadicamente. Precisamos de mais patrocínio e incentivo para os nossos atletas?, desabafa.


RANKING
Em 2004, Luiz Roberto Soares veio de Franca (SP) para Palmas para ajudar na profissionalização da natação na Capital. Técnico da Academia Tubarão até hoje, Soares conta que de 2004 para cá os nadadores tocantinenses ficaram conhecidos nos circuitos Norte, Nordeste e Centro-Oeste. ?Temos campeões na categorias Mirim (9 e 10 anos) e conquistamos seis campeonatos consecutivos na categoria Petiz (11 e 12 anos). E continuamos em franca ascensão?, comemora.


No entanto, Soares lamenta a não-existência de um parque aquático público para que os atletas pudessem treinar e para que a Capital pudesse sediar competições de grande porte. ?Isso deveria ser um investimento público. Fora isso, a natação em Palmas tem tudo a seu favor, principalmente porque não temos frio e não precisamos aquecer as piscinas e temos um bom material humano?, destaca.


Outras medidas 
PRIMEIRO LUGAR
– Por falar em material humano, a nadadora Marcela Magosteiro (foto) é um bom exemplo. Ela é primeira colocada no ranking nacional na categoria Petiz 1 (50 metros nado costa) e atribui seu êxito ao patrocínio que recebe de seus pais. ?Se não fosse isso, não sairia fora para participar de competições?, diz a nadadora, lembrando que já competiu em Salvador (BA), São Luís (MA), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Cuiabá (Mato Grosso).
Adriana Magosteiro, mãe de Marcela, relata algumas dificuldades. ?Graças a Deus temos como bancá-la. Mas na Capital existem muitos atletas com um nível bom e que infelizmente não dispõem das mesmas condições. Já cheguei a reunir com outras mães e comprar maiôs para outras meninas, porque os delas não estavam bons para competir?, conta Adriana, reforçando que a natação precisa de mais incentivo para que os atletas se sintam mais estimulados.
 


Federações precisam se unir


?Está faltando união entre as federações esportivas para cobrarmos de uma vez por todas mais apoio. Porque o esporte precisa ser entendido como política pública até mesmo pelo trabalho que desenvolvemos junto as crianças e jovens?. Essa é a posição do presidente da Federação de Voleibol do Estado, Ricardo Abalém, diante das dificuldades que atravessam as diversas modalidades esportivas na Capital. ?Pelo terceiro ano consecutivo não recebemos convênio do Estado e não é um privilégio só nosso não?, destaca.


O setor de prestação de contas da Secretaria Estadual do Esporte (Sespo), rebate a afirmação do dirigente dizendo que a FTV não recebeu o convênio, pois está com pendências junto a Tribunal de Contas do Estado (TCE).


Abalém relata que se não fosse a criação de um calendário de competições, o vôlei na Capital não teria se desenvolvido. ?Praticávamos voleibol nas ruas ou em campos de terra. Em 1991, já tínhamos um time de Palmas que percorria várias cidades do Tocantins e do Pará?, conta. De lá para cá o vôlei evoluiu profissionalmente. As escolas começaram a incentivar a prática e equipes foram surgindo. ?A vinda da federação para Palmas em 2001 (até então a sede era em Araguaína) foi um marco na história do vôlei, muitas outras equipes surgiram e a modalidade se difundiu?, relata.


A partir de 2001, um calendário de competições foi se definindo, levando as equipes a investir mais e a se preparar para os campeonatos. ?Hoje são duas competições permanentes: Campeonato Estadual de Clubes (vôlei de quadra) e Circuito Tocantins de Vôlei de Praia. Além disso, desde 2005 sediamos o Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia. Isso fez a modalidade evoluir?, reitera.


Conquistas 
2001
– Palmas sediou Campeonato Brasileiro de Seleções Juvenil Feminino, com participação de 11 estados. O Tocantins foi o 4º colocado.
2002 – Palmas sediou a Liga Nacional de Voleibol Feminino com transmisssão ao vivo em canal aberto de televisão. O time da Ceulp/Ulbra foi campeão.
2003 – Palmas sediou a Liga Nacional Feminino e Masculino (28/07 a 03/08).
2005/2006/2007 – Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia com transmissão ao vivo (alguns jogos em canal aberto, outros por canal fechado).
2008 – Palmas sedia a etapa do Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, que acontece de 10 a 13 de julho.
 


Atletismo: cara e coragem


Se hoje o corredor de rua Eliésio Miranda tem o patrocínio forte da Caixa Econômica Federal é graças a muito suor e treinamento duro. ?Corro desde 1998, mas somente a partir de 2003 comecei a despontar no cenário nacional, correndo fora e tendo bons resultados. Hoje eu tenho o patrocínio da Caixa, mas nem sempre foi assim?, conta Miranda, lembrando que quando começou não tinha treinador e trabalha de servente para se manter. ?Hoje vivo exclusivamente do esporte e treino de segunda à segunda. Mas reconheço que falta incentivo. Precisamos de local adequado para treinar?, ressalta.


A atleta Ilza Madalena corre desde 1992 e até hoje não tem patrocínio. ?Vendo roupa e economizo esse dinheiro para poder competir fora. Se tivesse apoio poderia conseguir resultados melhores?, diz Ilza, lembrando que dia 25 de junho, pretende participar da Maratona do Rio de Janeiro.


Quando o assunto é estrutura, o assessor técnico da Secretaria Estadual de Esporte, Alfredo Sosa, afirma que, em Palmas e no Tocantins, o atletismo precisa ser compreendido em todas as suas modalidades, sendo essa a grande dificuldade vivida pelo atletismo. ?Atletismo não é só corrida de rua. Tem também corrida com barreiras, salto com vara e em altura, arremesso de disco e outros. Precisamos de locais de treinamentos adequados para desenvolver e divulgar essas modalidades?, conclui.


(Fonte:Jornal do Tocantins)

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