Numa noite de horrores, o Brasil voltou a jogar o futebol irritante e medíocre que tem caracterizado a Seleção desde que Dunga assumiu o comando da equipe, em agosto de 2006. E o público carioca, exigente, e atento à falta de talento e de empenho da equipe – a atuação contra o Chile, domingo, foi uma exceção – acabou não prestigiando o empate por 0 a 0, no Engenhão, contra o brioso, mas limitado time da Bolívia, lanterna das Eliminatórias. Contrariada, a torcida pediu em coro a demissão do treinador: ?Adeus, Dunga!? E ainda o ofendeu com o grito de ?burro!, burro!?
O Brasil simplesmente não criou nenhuma oportunidade de gol no primeiro tempo. Isso já seria um absurdo se o adversário fosse de alto nível. Mas tratava-se da Bolívia, um time muito fraco, com a defesa mais vazada da competição – com 20 gols sofridos em sete jogos. Por incrível que pareça, a melhor chance na etapa inicial coube ao visitante, num chute forte de Ronald Garcia, que Julio Cesar rebateu e, na sobra, Hoyos por pouco não abriu o placar.
Vinte minutos já se passavam e a torcida começava a esboçar seu descontentamento. Mas a paciência do público acabou aos 25 minutos. A cada passe errado da Seleção, vaias. A manifestação foi mais intensa quando a imagem de Dunga surgiu no telão do estádio, com mão no queixo, ar de preocupação, como quem não sabia ao certo o que deveria ser feito para levar o time a jogar futebol. Quando o árbitro Alfredo Intriago apontou o centro do gramado para determinar o fim do primeiro tempo, as vaias voltaram com mais força.
Esperava-se um Brasil pelo menos aguerrido no segundo tempo. Taticamente a equipe era um arremedo. A torcida já devia estar convicta de que a vitória só viria a partir de uma jogada individual. Viveu essa expectativa em vão por mais 45 minutos. Os constantes erros de passes e de domínio de bola da seleção devem ter irritado até o DJ que transformou o estádio numa ?pista de dança? ensurdecedora durante o intervalo.
Aos 8 minutos do segundo tempo, Garcia fez falta em Robinho e foi expulso, numa decisão exagerada do árbitro. O caminho do Brasil ficava mais livre. Nem por isso o time se acertava. Ronaldinho Gaúcho não conseguia dar seqüência a uma jogada. Luís Fabiano, Diego e Robinho atuavam muito mal, o lateral Maicon, o nosso Usain Bolt sem medalha, dava suas arrancadas como um velocista em prova final e, na hora de cruzar, deixava saudades de Cafu.
No final, o 0 x 0 mostrou que o discurso pós-vitória sobre o Chile não passou de uma bravata. ?Time sem vergonha?, cantavam os torcedores, decepcionados.
Ficha técnica
Brasil – Júlio César; Maicon, Lúcio, Luisão e Juan; Josué, Lucas (Júlio Baptista), Diego (Elano) e Ronaldinho Gaúcho (Nilmar); Robinho e Luís Fabiano. Técnico: Dunga.
Bolívia – Arias; Hoyos, Rivero, Raldés e Ignacio Garcia; Ronald García, Robles, Flores, Vaca (Diego Cabrera); Jaime Moreno (Gutiérrez) e Marcelo Moreno (Pablo Escobar). Técnico: Erwin Sánchez.
Cartões amarelos – Josué, Juan, Luisão e Diego (Brasil); Jaime Moreno (Bolívia).
Cartão vermelho – Ignacio Garcia (Bolívia).
Árbitro – Alfredo Intriago (Fifa-EQU).
Renda – R$ 3.047.770,00.
Público – 31.072 presentes. Local – Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ).
Atualizada em 11/09/2008 | |||||||||
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TIME | PG | J | V | E | D | GP | GC | SG | |
1 | Paraguai | 17 | 8 | 5 | 2 | 1 | 16 | 6 | 10 |
2 | Brasil | 13 | 8 | 3 | 4 | 1 | 11 | 4 | 7 |
3 | Argentina | 13 | 8 | 3 | 4 | 1 | 11 | 5 | 6 |
4 | Chile | 13 | 8 | 4 | 1 | 3 | 13 | 12 | 1 |
5 | Uruguai | 12 | 8 | 3 | 3 | 2 | 16 | 6 | 10 |
6 | Colômbia | 10 | 8 | 2 | 4 | 2 | 4 | 7 | -3 |
7 | Equador | 9 | 8 | 2 | 3 | 3 | 10 | 14 | -4 |
8 | Venezuela | 7 | 8 | 2 | 1 | 5 | 9 | 13 | -4 |
9 | Peru | 7 | 8 | 1 | 4 | 3 | 5 | 16 | -11 |
10 | Bolívia | 5 | 8 | 1 | 2 | 5 | 8 | 20 | -12 |
PG – pontos ganhos; J – jogos; V – vitórias; E – empates; D – derrotas; GP – gols pró; GC – gols contra; SG – saldo de gols |
Zona de classificação para a Copa do Mundo
(Fonte:AE)