Saiba onde está e o que faz hoje o ex-goleiro Gilberto do Interporto
“Minhas duas paixões de crianças: ser jogador profissional, sonho realizado. Não fiquei rico e nem joguei em clubes grandes, mas tive o aprendizado ímpar de honestidade e humildade. O outro sonho também foi concretizado, com as bençãos de Deus, hoje é ser um policial militar”. Estamos falando do ex-goleiro Gilberto, do Interporto, hoje com 39 anos. Hoje é o 3° Sgt da PMTO, onde faz parte da Força Tática do 5° Batalhão, localizado em Porto Nacional.
Nas quatro linhas, Gilberto disputou uma Copa Tocantins, dois Tocantinenses, uma Copa São Paulo de Juniores, uma Copa Centro-Oeste, uma Copa do Brasil, todos pelo Interporto. Fora do Estado defendeu o Grêmio Unhumense (GO) e o Real de Itumbiara (GO).
Carreira
Natural de Nova Rosalândia (no tempo município pertencia a Cristalândia), Gilberto conta que com 12 anos de idade a família se mudou para Porto Nacional. Mas seu pai era dono de um bar conhecido na cidade por “Bar do Zé da Pedra”. Ele recorda ainda que de 15 em 15 dias, o pai ia visitá-los em Rosalândia. “Com muito trabalho conseguiu comprar uma casa no setor São Judas Tadeu, próximo à Igreja Padre Luso, ao lado do famoso Setor Buracão”, comentou o ex-goleiro.
Apaixonado por futebol desde pequeno, porém gordinho, arriscava jogando como lateral- esquerdo. Gilberto conta que um certo dia, o colega por nome Eduardo (Dudu filho da cabeleireira Erly), o chamou para jogar em um campo de chão , atrás do colégio CEM (Centro de Ensino Médio Professor Florêncio Aires). Neste dia faltou um goleiro, e para não ficar de fora, pois tinha muito jogador de linha, resolveu ir para o gol, onde fez boas defesas. O treinador que se chamava Valdimilson gostou da atuação dele e já o colocou como goleiro nos próximos jogos.
“Fui crescendo e outros times da cidade começavam a me convidar para jogar (pessoas muito conhecidas na cidade como saudoso Raimundão, do Setor Jardim Municipal que era treinador do time Cometa. Também o saudoso Armandinho (in memorium)”, relembrou.
Base do Interporto
Com o passar do tempo, surgiu a chance jogar nas categorias de base do Interporto, onde Gilberto assistia aos jogos em cima do muro do Estádio General Sampaio. Segundo ele, um dia iria ter um amistoso Interporto × Santa Rosa Tocantins e foi convidado para jogar pelo Santa Rosa. Teve uma boa atuação e uma surpresa que estava na arquibancada, simplesmente o técnico Carlos Magno. “Ele gostou da minha atuação e pediu para vir treinar no Interporto”, comemorou.
Profissional
Com 16 anos, Gilberto se tornou jogador profissional, e seu primeiro jogo como titular ocorreu na cidade de Miranorte contra o time local, e o Interporto venceu por 2 × 1 . Por muito tempo foi reserva do goleiro Mateus, mesmo assim procurou elogiar o companheiro dizendo que serviu muito de aprendizado. Como ainda tinha idade para atuar nos Juniores, todo campeonato era liberado para jogar a competição, que servia para pegar ritmo de jogo. Segundo ele, nas três edições que disputou foi campeão em duas contra o TEC (1997) e Acadêmicos da Unitins de Palmas (1998). Com boas atuações e campeão foi convocado pelo Tocantinópolis para disputar a Copa São Paulo de Juniores, porém, a chave era muito forte (Cruzeiro, Palestra Itália e Vitória da Bahia), não teve jeito o time perdeu os três jogos. “mas foi uma experiência incrível”, disse o goleiro.
Na inauguração do Estádio Nilton Santos, ocorrida no dia 12 de outubro de 2000, foi convocado pela FTF para integrar a seleção Tocantinense diante da Seleção Brasileira Sub-17 (2 x 2).
Anápolis
Gilberto disse que depois foi fazer teste no time do Anápolis, onde ficou uma semana ou mais menos isso, como estava namorando, apaixonado, pela hoje sua esposa, voltou embora para Porto Nacional e largou tudo.
Pelo time profissional do Interporto foi vice-campeão Estadual de 1997, foi campeão em 1999 e 2000, porém, estava no banco de reservas. Após ser campeão teve um convite para fazer um teste no time do Grêmio Inhumense, em Inhumas.
Inhumense
Segundo Gilberto, era para ficar dez dias em teste, no quinto dia o treinador Amado Bucar (ex- jogador do Goiás) pediu o presidente fechar contrato com ele. Gilberto disputou um campeonato Goiano, uma partida contra o Goiás no estádio Serrinha (Goiás com jogadores consagrados como Dill, Araújo, Danilo, Harley no gol, Índio na zaga , enfim, um grande time. “Joguei pois o titular (Fábio Targa, excelente goleiro), sentiu no aquecimento. Com personalidade fui para o jogo e perdemos por 3 × 1, meu presidente foi ao vestiário e me deu os parabéns”, recordou. Com essa partida conseguiu renovar por mais um ano. Ao término do campeonato onde o time ficou em 5° colocado no geral, foi emprestado para o Real de Itumbiara para disputar o Brasileiro Série C, onde foi como reserva do goleiro Rogério Conessa, muito bom goleiro. Na terceira rodada do Brasileiro foi titular e conseguiu jogar por nove rodadas seguidas, fazendo boas atuações, e ao término do Brasileiro, retornou para o Grêmio Inhumense, onde chegou para ser titular. Jogou duas partidas, perderam uma e empataram na segunda, e o treinador Amado Bucar caiu do cargo.
“Entrou o tal de Osmar Guarnelli (ex-Atlético Mineiro e Botafogo), foi aquele zagueiro que tomou um boné dentro da pequena área do Roberto Dinamite e em sequência o Roberto fez o gol (kkkk ), o homem chegou e como sempre trouxe seus jogadores, eu cai para terceiro goleiro”, comentou.
Alegrias e decepções
Em todas essas alegrias e decepções Gilberto faz questão de ressaltar que sua namorada e hoje esposa sempre este ao seu lado, mesmo que às vezes de longe. “Um belo dia, ao término do treino sentei ao gramado, contemplando o horizonte, pensei: não tenho empresário, com esse treinador não irei jogar, tinha perdido um concurso da guarda metropolitana, estou aqui perdendo oportunidade” comentou.
Retornou à cidade de Porto Nacional, e com o dinheiro do acerto do time comprou mais alguns móveis que faltava, e já estava noivo, marcou a data do casamento e casou. E aí Gilberto lembra como sustentar a esposa, e ainda por cima e o filho que ia chegar, fato que ocorreu no dia 3/3/2003, a chegada do Eduardo.
Posto Trevo
Fazendo aulas para tirar habilitação, comentou com o instrutor da auto-escola José Célio, que estava procurando emprego, o mesmo o informou que no Posto do Trevo tinha um gerente chamado Agildo que gostava muito de futebol e costumava contratar funcionários que jogavam bola. Gilberto não perdeu tempo e foi atrás do Agildo, se apresentou e comentou sobre sua vida futebolística e atual situação da família, foi quando o dono do Posto Trevo pediu para ir jogar num sábado contra um time d Palmas. Era um teste e precisava ir bem para impressionar o senhor José Célio. Mas nas quatro linhas deu tudo certo a equipe de Porto Nacional venceu por 1 x 0 e o goleiro foi destaque do jogo.
Gilberto foi logo na segunda-feira foi ao posto e teve a notícia que havia sido contratado. Entrou como frentista, onde permaneceu por seis meses, depois foi pra operador de caixa onde ficou por mais três anos e meio. No decorrer dos anos, conseguiu conciliar posto e o Interporto. Mas com a carga excessiva de treinos e trabalho no posto acabou pedindo para sair.
Breno Mário
Gilberto disse que foi quando teve a felicidade conhecer o treinador apaixonado por futebol saudoso Dr. Breno Mário (pai do ortopedista Dr.Breno). Ao se apresentar como treinador, ele perguntou quem era o goleiro Gilberto. “Levantei e disse: sou eu. Ele respondeu dizendo que conhecia minha história, após o treino, pediu para falar comigo. Fiquei espantado, mas ao fim do treino senhor Breno me deu boa notícia”, destacou Gilberto afirmando que seu Breno disse que tinha uma empresa de segurança onde prestava serviços na Unitins e Instituto de Biologia, onde hoje funciona o Hemocentro. Ganhou o emprego, mas tinha que vir a Palmas fazer um Curso de Vigilante. Gilberto disse que terminava o treino montava em sua moto e ia para Palmas.
Em 2006, passou no concurso da PM (esse era a terceira vez que tentava ingressar, porém, não estava dentro das 20 vagas oferecidas, e ficou no cadastro de reserva. Relata que com atrasos de salários do Interporto e seguro desemprego acabando, teve novo pedido de retorno para o posto, onde retornou.
Em 2007, saiu seu ingresso no concurso da PM, Gilberto foi o segundo colocado em Porto Nacional. “Nesse dia me encontrava no serviço no posto, quando tive a notícia, sai gritando no pátio de alegria, onde fui parabenizado pelos colegas, em casa, minha esposa estava no êxtase”, comemorou dizendo que é grato até hoje ao senhor Agildo, e o senhor Breno.
Em abril de 2007 teve um clássico do futebol tocantinense entre Interporto × Palmas (um grande jejum sem vencer o rival) e, ainda por cima, foi a sua despedida do Interporto, pois iria fazer o curso da PMTO . “Quebramos o jejum, ganhamos por 3 × 1, peguei um pênalti, e ao final da partida fui carregado pelos jogadores, e a torcida gritava ” Fica Gilberto, Fica Gilberto”.
Mas Gilberto optou pela razão e não pela paixão “escolha que não me arrependo de forma alguma”, onde me formei soldado em 13 de dezembro de 2007. Consegui conciliar polícia e futebol até 2010, foi quando surgiu a oportunidade de conhecimento pelo nosso Brasil a fora (Força Nacional). Neste período nasceu o segundo filho Gustavo. Ao retornar da Força Nacional em dezembro de 2011, ainda conseguiu jogar no Interporto, porém, com uma lesão no joelho direito e nenhuma ajuda financeira por parte da diretoria, preferiu encerrar a carreira.
Neste momento difícil teve um grande apoiador e fiel torcedor que foi seu pai José Gomes da Silva (Zé da Pedra, como sempre foi conhecido, in memória).
Em 2015 retornou a Força Nacional, onde trabalhou na divisa Brasil/Colômbia e em outros estados (Rondônia, Alagoas , Rio Grande do Norte). Depois em 2016, trabalhou nas Olimpíadas do Rio. “Foi um grande aprendizado e crescimento na minha carreira militar. Com grandes desafios, vitórias, também vêm as perdas como a morte do meu pai”, recordou com tristeza a data do dia 9/9/2016 com a trágica notícia do falecimento do seu herói e no mesmo dia pediu seu retorno para o Tocantins.