Por onde anda o narrador Miguel Rodrigues que marcou história em Porto Nacional e Paraíso
Por onde anda o narrador Miguel Rodrigues que marcou história em Porto Nacional e Paraíso. Uma história de vida muito bacana e acima de tudo inspiradora nos atuais dias de hoje de tantas incertezas de um cidadão que sempre buscou seu objetivo: ser um narrador de futebol e conseguiu. Estamos abrindo espaço para contar a bela história de Miguel Rodrigues, nascido na querida cidade de Miracema, no dia 8 de maio de 1960, com passagens por Paraíso, Porto Nacional e agora residindo em Araguaína. Mas em Porto Nacional, além de ótimo narrador e amigo da população era conhecido pelo Chambaril do Compadre Miguel, ao lado do Estádio General Sampaio.
História
Aos 12 anos, em 1972, Miguel Rodrigues da Silva, mudou-se com a família de Miracema para Paraíso do Tocantins. Conta que não conhecia nada de futebol, mas convivendo no dia-a-dia com os garotos brincando de bola no colégio acabou se encantando pela modalidade.
Miguel recorda que em 1980 foi inaugurada a Rádio Independência de Paraíso (https://surgiu.com.br/2014/11/30/quando-surgiu-a-r%C3%A1dio-independ%C3%AAncia-do-tocantins-em-para%C3%ADso/), “se não me engano 22/06/80”, e aí ficou apaixonado pelo rádio e começou a despertar o interesse de ser um narrador de futebol, porém, a questão financeira da família não permitia muito levar adiante o sonho. “Não tínhamos condições de comprar um rádio para eu ficar escutando os programas, os jogos, enfim, as programações”, comentou, ressaltando que “assistia” ouvindo junto com os amigos as transmissões dos jogos de Goiás, hoje Tocantins.
Pássaro Preto
Na Rádio Independência de Paraíso tinha um narrador chamado Pássaro Preto (Adivan Aires), já falecido e Miguel se inspirava neste locutor para quem sabe num futuro também ser um narrador esportivo. “Eu quero me aliar e aprender com ele para ser um narrador”, dizia Miguel que no Colégio e nas peladas dos campos sempre estava fazendo suas narrações aos amigos. “Lá vem o fulano de tal, bola tocada na direita, Joãozinho toca na saída do goleiro e gol- gooolllll”, dizia Miguel.
Durante a realização do primeiro campeonato municipal de Paraíso em 1980, Pássaro Preto era o narrador e ele seguia encantando de ver o amigo na transmissão.
Miguel disse que ele narrava seus jogos que ele estava jogando no campo e depois pedia aos amigos para gravar e ouvir em casa para tentar aprender mais com Pássaro Preto.
Miguel destaca que um dia por ironia do destino trabalhando na casa de um amigo que era muito ligado ao futebol, ele estava com um gravador grandão e pediu para narrar um gol dele. “Ele é falecido, meu amigão, Sebastião Damacom. Ai narrei para ele. Camisa número 10, Sebastião entrou na área bateu é gol… Gool. Moço ele se encantou com minha narração e disse que eu seria um narrador”. Prometeu o gravador para o Miguel.
Gravador
Miguel acredita que era o que faltava para ele este incentivo final já que o Sebastião lhe deu o gravador e só disse que as pilhas ficasse por conta dele para comprar (Miguel). “Fiquei doido. Eu era ajudante de pedreiro trabalhava a semana inteira e comprava as pilhas no final de semana para ir ao campo e gravar os jogos”, recorda.
Voltando para casa um dia ao lado do amigo e parceiro Raimundo Picata seu grande incentivador, ele o acompanhou no campo para ver como era essas transmissões.
Quando foi em 1980, Pássaro Preto faleceu e a rádio não tinha um outro narrador. Miguel seguia indo no Pereirão acompanhando as partidas e gravando em seu gravador grandão e ia para casa ouvindo. Um certo dia apareceu um filho de “Deus” chamado Genésio Gomes Cardoso, ele perguntou quem está jogando para Miguel quem estava jogando. Isso aconteceu quando Cardoso lhe deu uma carona e ouvindo a narração do gravador perguntou quem estava narrando. E Miguel disse que era ele. “Não vou te colocar direto na rádio, mas vou te dar uma oportunidade”, comentou.
Esse Genésio Cardoso tinha um programa de meia hora na rádio sobre a sociedade e resolveu lançar um concurso que teve 17 participantes para escolher um narrador. “Fui o escolhido e foi uma alegria espetacular”, contou.
No outro dia foi para rádio dar entrevista e contar para as pessoas quem era Miguel Rodrigues. Mas ele disse que naquele momento não tinha uma roupa apresentável e adequada para ir à rádio tanta era a dificuldade financeira na sua família. Mas foi e deu seu recado agradando a todos.
Rádio Independência
O sonho de chegar a uma rádio para narrar estava sendo concretizado já que agora passava a narrar jogos pela Rádio Independência de Paraíso. “Agradeço muito ao Genésio por me tornar um profissional de rádio e o Ademir que me levou rádio para narrar os jogos dele, em Paraíso. Trabalhei lá até 88”, ressaltou.
Porto Nacional
Naquele ano de 88 foi convidado para trabalhar em Porto Nacional e comandar um programa Sertanejo, o mais ouvido na cidade. Lá ele conta que ao lado de R Mendes implantaram e criaram a Empresa Esporte Pouco Show, que havia sido sugerida pelo atual deputado estadual Valdemar Junior, que fazia parte da equipe.
Miguel destaca ainda que o Coordenador da Rádio Anhanguera, que ainda era Goiás depois passou ser Tocantins, o senhor José Macedo comandava a emissora. “Narramos tudo que era campeonato era uma festa. Diversas vezes eu, o R. Mendes, éramos os cabeças, depois vinha João Macedo, Edgar Mascarenhas, Luís Carlos Lula, profissional top. Sempre na jogada”.
Brasil x Checoslováquia
Miguel disse que o momento mais importante da carreira como narrador de futebol o chamado “ápice” foi quando sua equipe narrou o jogo Brasil 2 x 1 Checoslováquia, em Goiânia. A partida aconteceu em 1991.Até então na região nenhuma emissora de rádio havia transmitido um jogo internacional tão grande como aquele.
Ele disse que teve apoio total da Jaime Câmara para que tudo desse certo. E deu. “Ficou marcado na minha carreira e de muitas pessoas de Porto Nacional. Eu sou feliz. Tomei alguns canos feios nego sem me pagar. Todo mundo sabe que narrador não ganha dinheiro, mas a gente faz isso por amor”, destacou.
Miguel acha que poderia ter conseguido mais coisas junto rádio esportivo, mas também se cobra dizendo que ficou preso ao tradicionalismo e esqueceu-se de evoluir como é hoje e isso custou um pouco para ele.
Araguaína
Hoje Miguel Rodrigues reside na cidade de Araguaína junto com a família e espera que quando terminar esta pandemia do Coronavírus (Covid-19), as coisas voltem ao normal e seja melhor para todo mundo. “Tenho fé que tudo vai melhorar”, aposta o narrador, que termina esta reportagem agradecendo algumas pessoas: Genésio Cardoso, Ademir Barbosa Leite, José Macedo, Edgar Mascarenhas, R.Mendes, Luís Carlos Lula, familiares e outras tantas que sempre o apoiaram e torceram pelo seu sucesso.