João Vieira tem sido a grande surpresa do começo da temporada 2019 da F-Renault Eurocup. Nas seis corridas disputadas até agora, o brasileiro já subiu no pódio duas vezes – foi o segundo em uma das baterias de Silverstone e terceiro, em Mônaco.
No começo do ano, não eram muitos os que o colocavam no pelotão da frente. Eu mesmo escrevi aqui no World of Motorsport que Vieira precisaria primeiro se adaptar à F-Renault para depois pensar em somar pontos.
Bom, para calar minha boca, ele terminou entre os dez primeiros em cinco das seis provas realizadas – foi 11º na outra.
Mas em minha defesa – e também na de todos que não previram o bom desempenho do piloto -, ele não foi bem durante a pré-temporada, terminando na maior parte das sessões entre os últimos colocados.
Além disso, não ajudava ele ter passado os dois últimos anos longe das pistas por falta de dinheiro.
E, para terminar, Vieira assinou com a equipe italiana JD, uma das boas da categoria, mas tendo como companheiros o belga Ugo de Wilde – que levava patrocínio para o time – e o italiano Leonardo Lorandi, observado de perto pela própria Renault.
Ou seja, não dava para dizer que o brasileiro teria prioridade dentro da esquadra. Mas a realidade é que, depois das três primeiras rodadas, ele é o líder da escuderia na tabela, com 50 pontos, cinco a mais que De Wilde e 14 na frente de Lorandi. O ponteiro do campeonato é o francês Victor Martins, com 89.
Mas como Vieira se transformou em um dos principais nomes da F-Renault nesse começo de temporada?
Em primeiro lugar, ele é um piloto talentoso com um bom equipamento à disposição.
A volta por cima de João Vieira
O que muita gente não lembra é que Vieira era um dos principais nomes do kartismo brasileiro no começo da década. Ele apareceu na sequência de Felipe Fraga, num momento que os representantes do Tocantins é que dominavam as competições nacionais.
Mas, enquanto Fraga fez apenas alguns testes no Brasil e logo foi para a Europa, Vieira demorou para conseguir deslanchar.
Só em 2014 que ele fez a transição para o automobilismo europeu, mas meio que por acaso. Naquele ano, foi convidado para participar de um torneio na Itália, em homenagem aos 20 anos da morte de Ayrton Senna. Acabou indo tão bem que chamou a atenção de Giancarlo Minardi.
O ex-dono de equipe na F1 passou a administrar a carreira do brasileiro e o levou para competir na F4 Italiana. Em três anos no certame, Vieira nunca teve um equipamento de ponta, como é o da JD neste ano, mas obteve seis pódios e também se envolveu em alguns fortes acidentes. No fim, em 2016 parou de correr por falta de dinheiro.
Aliás, esse é outro ponto forte do brasileiro. Aos 21 anos, ele é um dos mais experientes da F-Renault. Enquanto muitos dos seus adversários ainda são adolescentes e, portanto, mais suscetíveis à pressão de não poder ter maus resultados para não comprometer a carreira, Vieira já passou dessa fase – já viveu os altos e também os baixos do esporte a motor. Assim, não tem mais as preocupações de quem está no começo.
Ou seja, tem menos distrações que seus adversários. E assim vai mostrando resultado.Vieira volta à pista já neste fim de semana, em Paul Ricard, em busca de conseguir manter a boa fase do começo de 2019.
Programação
Sábado, 1º de junho:
5h00 – F-Renault Eurocup – classificação 1
10h50 – F-Renault Eurocup – corrida 1 – YouTube
Domingo, 2 de junho:
4h30 – F-Renault Eurocup – classificação 2
10h25 – F-Renault Eurocup – corrida 2 – YouTube – campeonato
https://womotor.wordpress.com/2019/05/30/joao-vieira-formula-f-renault-eurocup-2019/