Mala branca: o preço da incompetência

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Chega a reta final do Campeonato Brasileiro e o assunto é o mesmo: ”mala branca”. O incentivo extra, geralmente em dinheiro, é dado aos clubes que não possuem mais ”nenhum interesse” na competição. O objetivo é que essa ”ajudinha financeira” se transforme numa ”ajudinha na tabela” para as equipes que lutam pelo título, pela vaga na Libertadores ou contra o rebaixamento.


Renato Gaúcho, técnico do Vasco, defendeu abertamente o pagamento da mala branca para que o Atlético Paranaense derrote o Náutico neste domingo e, assim, ajude a equipe de São Januário. ”Não tem nada de errado dar um incentivo para um time derrotar o outro”, defendeu o treinador.


Ilegal? Não, a prática não é ilegal. Imoral? Sim, ela vai contra a ética e revela uma cultura podre do futebol. Afinal, jogadores que ganham um salário de R$ 50 mil por mês precisam de incentivo para se dedicar em campo, visto que muitos profissionais que tem curso superior, mestrado e doutorado não ganham nem 10% do valor?


O Atlético Paranaense luta contra o rebaixamento e, naturalmente, deve se empenhar na partida contra o Náutico. Agora, de que adiantará uma vitória dos paranaenses se o Vasco não cumprir seu papel diante do Coritiba neste domingo, no Couto Pereira?


O mesmo se aplica à equipe do Grêmio. Depois da derrota para o Vitória e a quase certa perda do título para o São Paulo, os dirigentes gaúchos já cogitam a mala branca para que o clube garanta uma das quatro vagas na Copa Libertadores. O reflexo disso é que o próprio Grêmio não confia no seu potencial. E olha que o adversário dos gaúchos é o Ipatinga.


A prática de incentivar outros times, que também existe no futebol de outros países, se transformou num repertório quase que permanente das grandes disputas no Brasil. A mala branca nada mais é do que o preço da incompetência dos dirigentes nas equipes. Se o trabalho fosse bem feito, isso sequer seria comentado.



(Fonte:AE)