O piloto brasileiro João Vieira ainda sente um pouco as consequências das queimaduras que sofreu neste domingo, em Mugello, depois do acidente ocorrido na largada do Campeonato Italiano de Fórmula 4. As lesões foram consequência de uma mangueira de radiador que caiu no interior do seu cockpit, despejando água em temperatura próxima dos 100ºC sobre a perna esquerda do tocantinense de 18 anos.
Depois de terminar em 5º lugar, no sábado, a etapa inaugural da rodada tripla, João Vieira garantiu o 7º lugar no grid da segunda corrida. Alinhado, não conseguiu largar quando as luzes vermelhas foram apagadas. Alguma coisa aconteceu na embreagem e o carro “morreu”. O que se viu, então, foi o piloto da equipe Antonelli Motorsport parado, enquanto 24 carros (de um grid total de 32) tentavam se desviar dele. Faltou pouco para que saísse ileso, mas o norte-americano Jaden Conwright e o italiano Mariano Lavigna, nessa ordem, não conseguiram evitar a sequência de choque.
O carro de João ficou com a traseira inteiramente destruída em meio a uma verdadeira “chuva” de destroços. Um pneu veio em sua direção e, instintivamente, colocou as duas mãos sobre o capacete. Foi nesse instante que viu entrar no cockpit uma mangueira de radiador, despejando sobre si o líquido fervente. Pela câmera on-board é possível, inicialmente, ouvir as tentativas do piloto para acionar o motor; depois, seus gritos de dor de pavor. “Na hora eu pensei que era o carro que estava pegando fogo, tanto que eu pulei já pronto para rolar no chão. Só depois é que percebi o que tinha acontecido. Mas a dor é insuportável, não dá nem para explicar”, disse o piloto.
Levado ao centro médico, o João Vieira foi atendido imediatamente e constatou-se que o nível de gravidade das queimaduras foi baixo. Tanto que conseguiu correr a terceira e última corrida da rodada em razão de os mecânicos terem reconstruído seu carro com peças de outros monopostos em caráter de urgência.
Embora tenha podido festejar o fato de os danos físicos não terem sido de grande monta, ficou evidente que a falta de uma proteção do cockpit contribuiu para os momentos de desespero. “Para você ver como são as coisas, né? Quando todo mundo está falando de proteção nos monopostos, acontece isso comigo. O pneu passou perto, mas graças a Deus não me pegou, mas foi um susto enorme ver aquela coisa vindo na minha direção e ter um pedaço de carro quase que no meu colo e a perna queimando. Se uma proteção ali iria mudar alguma coisa, não sei, mas que faz a gente pensar nisso, sem dúvida”, disse.
O piloto agora tem um grande problema pela frente, tão grande que representa um risco efetivo à continuidade de sua carreira. “Eu corro sem patrocínio, apenas com o esforço de meu pai e de alguns amigos que me ajudam. A própria equipe tem me ajudado bastante, cobrando de mim um preço menor do que cobraria de outros pilotos e me deixando trabalhar na oficina para ajudar nas despesas, mas é a gente quem paga os prejuízos de batida. E esse foi grande. Não sei quanto mais ficar, mas já sei que não será pouco. Honestamente, não sei como a gente vai fazer”, concluiu.
A quinta rodada dupla do Campeonato Italiano de Fórmula 4 está marcada para os dias 10 e 11 de setembro, em Vallelunga. (Fonte: Américo Teixeira Junior (MTB 18.702)