O Brasil é o do futebol, masculino. O futebol feminino ainda sofre muito preconceito, mesmo com as últimas conquistas: medalhas de ouro no Sul-americano de 2004(sub-19), medalha de prata nas Olimpíadas de 2004, escolha de Marta como melhor do mundo, 5(cinco) vezes pela FIFA. A modalidade ainda é vista como um esporte amador e muitas vezes marginalizada e abandonada.
A evolução da modalidade seguirá as conquistas da mulher na sociedade, dentre outros aspectos. Para não irmos longe, nos anos 40, o futebol feminino estava sendo praticado de maneira organizada em torneios e exibições de gala por mulheres do subúrbios carioca, causando uma calorosa discussão entre médicos, jornalistas, intelectuais, professores e o próprio Governo Vargas, o motivo: risco de lesão no órgão reprodutivo. A Medicina Eugenista, preocupada com o “melhoramento da raça” só esqueceu de um detalhe, os homens também poderiam ter essa lesão. Tomando como base tal “cientificidade”, Vargas estabelece a primeira Legislação Esportiva Nacional, que acabou proibindo o futebol feminino no Brasil.
Mesmo na presença de tais limitações legais para a pratica do futebol, as mulheres lutaram bastante contra tais restrições, conseguindo com isso ultrapassar fronteiras do que seriam “esportes femininos” e “não femininos”. E isso está ligado direto e indiretamente aos novos espaços que a mulher brasileira vem conquistando em todos os segmentos :no judiciário, na política, na produção, no campo e na cidade. Vivemos em tempo de construção de nossa democracia é preciso incluir na pauta democratizar a cultura do futebol feminino, com intuito de despertar a atenção e o interesse de meninas e mulheres para a temática, o governo na execução de programas, leis de incentivo, a participação de empresas, bancos e ai vamos continuar tendo adeptos, massificando a cada dia a prática modalidade.
Diante do quadro gradual de conquistas, os abandonos, a marginalização, ficarão a parte e o futebol feminino vai sim conquistar espaço. Parceiros são fundamentais, a gestão deve se profissionalizar, estudos, pesquisas e projetos desenvolveram, pequenas iniciativas irão fazer a diferença, a imprensa falada e escrita já começa a ceder espaço, com isso começa a movimentar o mercado econômico. Esses meios e a motivação pelas conquistas da mulher, a exemplo, nos jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e a conquista da mulher na sociedade são caminhos para o sucesso e a criação da identidade do futebol feminino no nosso país.
Retomo aqui a citação do primeiro parágrafo: “O Brasil é o pais do futebol masculino”, e feminino num futuro bem próximo e todos dos ganharão.
Oscar de Souza Alves Neto
Professor de Educação Física
Ex-preparador físico do futebol feminino da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)