20 Anos de Bolsa Atleta: quem ganha é o Brasil

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Ao longo de duas décadas, foram investidos mais de R$ 1,5 bilhão em mais de 37 mil atletas. Resultados expressivos e histórias de sucesso comprovam a importância do programa, que vai ganhar reajuste depois de 14 anos

Em 2024, o Programa Bolsa Atleta, criado pelo presidente Lula, completa duas décadas de uma trajetória marcada por conquistas e histórias de sucesso. Instituído pela Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004, e regulamentado pelo Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de 2005, o Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio individual de esportistas do planeta.

Ao longo desses 20 anos, o Programa investiu mais de R$ 1,5 bilhão em mais de 37 mil atletas. São mais de 105 mil bolsas concedidas, com o objetivo de garantir condições mínimas para que os atletas se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas, paralímpicas e surdolímpicas.
Os números confirmam o sucesso do programa. Desde o início, o número de atletas foi multiplicado. No primeiro ano, o programa beneficiou 975 esportistas. Em 2024, um recorde: mais de 9 mil atletas contemplados, sendo 8.716 nas categorias Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Olímpica/Paralímpica/Surdolímpica; e mais 359 contemplados na Bolsa Pódio, a mais alta do Programa. O orçamento previsto para este ano é de R$ 160,4 milhões.

“O Bolsa Atleta é um orgulho para o Brasil. É um exemplo de política pública que transforma vidas e fortalece o esporte nacional. E nós vamos trabalhar para que ele fique cada vez melhor. Incluímos atletas surdos, gestantes, puérperas e auxiliares do esporte paralímpico e conseguimos um reajuste que não vinha há 14 anos. Tenho certeza que estamos no caminho certo para fazer do Brasil uma potência esportiva”, afirma o ministro do Esporte, André Fufuca.

O ministro anunciou o reajuste do Programa, cujos valores não eram corrigidos há 14 anos. O benefício será reajustado em 10,86% para os esportistas que recebem o auxílio, em todas as categorias.

“Uma medida extremamente positiva, fiquei muito feliz com essa notícia. O reajuste representa uma forma de reconhecimento e incentivo vital para continuarmos buscando o aprimoramento e novos patamares em nossas carreiras esportivas, não apenas alivia as dificuldades econômicas enfrentadas por muitos atletas, mas também demonstra o compromisso do governo com o desenvolvimento do esporte no nosso Brasil”, diz Jane Karla, atleta do tiro com arco paralímpico que recebe a bolsa desde o início do Programa.

Avanços

Desde o ano passado, o Bolsa Atleta teve importantes avanços. A lei nº 14.614 de 2023, aprovada pelo presidente Lula, garantiu a manutenção do recebimento do benefício às mulheres durante os períodos de gestação e de seis meses após o nascimento da criança (puerpério).

O objetivo é apoiar e melhorar a vida das atletas brasileiras que optam pela maternidade. Da gestação ao puerpério, a lei garante ao todo até 15 parcelas mensais sucessivas e um período maior para o processo de comprovação dos resultados esportivos, uma das exigências para bolsistas.

“Essa bolsa é fundamental para todas as atletas. Com a aprovação da bolsa para gestante, tendo o apoio, a confiança e a segurança de que elas vão receber esse benefício, mesmo passando por esse processo da maternidade, isso vai com certeza incentivá-las a retornar ou se manter no esporte”, diz Andressa Contreras, atleta do rugby.

Em 2024, os editais do Bolsa Atleta e Bolsa Pódio passaram a incluir, pela primeira vez, atletas surdos e guias e auxiliares do esporte paralímpico, como os pilotos do paraciclismo, os calheiros da bocha e os guias do atletismo.

“É de suma importância o Bolsa Atleta para o crescimento, sucesso e o alto rendimento, possibilitando mais segurança para trazer bons resultados e orgulho para o nosso Brasil, trazendo inclusão e visibilidade para os atletas surdos”, diz a presidente da Confederação Brasileira de Desportos para Surdos (CBDS), Diana Kyosen. “O Bolsa Atleta é muito importante para a comunidade surda, pois nos incentiva cada vez mais a treinarmos e chegarmos no lugar mais alto do pódio, representando nosso país”, opina o nadador surdolímpico Guilherme Maia.

Iziane Marques, ex-atleta da Seleção Brasileira feminina de basquete e hoje Secretária Nacional de Esportes de Alto Desempenho do Ministério do Esporte, é a prova viva de que o Bolsa Atleta é fundamental para a formação dos atletas brasileiros, não apenas esportiva, mas também profissional e social. Quando atleta, ela chegou a receber a bolsa. Hoje, está à frente da Secretaria que cuida do Programa.

“Eu tenho um grande orgulho de estar à frente de uma secretaria que abre os caminhos para que a preparação dos atletas – desde a base até o alto rendimento – possa acontecer com segurança e tranquilidade. Ao longo desses 20 anos, o Programa Bolsa Atleta já deu provas da sua importância para a formação de grandes atletas brasileiros, capazes de representar bem o nosso país em competições nacionais e internacionais. Um compromisso que nasceu com o governo Lula e que se consolida agora, com a liderança e o empenho do ministro André Fufuca.”

A delegação brasileira na abertura dos Jogos Rio 2016: 77% dos atletas brasileiros beneficiados pelo Bolsa Atleta. Foto: Danilo Borges/Ministério do Esporte

Resultados expressivos

Os frutos do Bolsa Atleta ficam ainda mais claros quando se analisa as campanhas do Brasil em Jogos Olímpicos e Paralímpicos desde a criação do programa. Nos Jogos de Atenas 2004, o Brasil terminou a competição com 10 medalhas: 5 ouros, 2 pratas e 3 bronzes.

Sarah Menezes: a primeira bolsista a conquistar uma medalha de ouro olímpica, no judô, em Londres 2012. Quatro anos depois, em Pequim 2008, o total foi de 17 medalhas, sendo 3 ouros, 4 pratas e 10 bronzes. O número total se manteve em Londres 2012, com 17 medalhas conquistadas, sendo 3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes. Na Inglaterra, modalidades em que o Brasil nunca havia subido no pódio olímpico tiveram resultados históricos, como o ouro de Arthur Zanetti na Ginástica Artística e o bronze de Yane Marques no Pentatlo Moderno.

Em 2016, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, 77% dos atletas brasileiros beneficiados pelo Bolsa Atleta integraram a delegação que representou o Brasil. Eles ajudaram o país a conseguir sua melhor campanha até então nos Jogos, com 19 medalhas conquistadas, sendo 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes.

Os resultados expressivos continuaram nos Jogos de Tóquio 2020. Dos 302 atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos, 242 eram contemplados pelo Bolsa Atleta. O Brasil conquistou um recorde de 21 medalhas, com 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes).

“O programa tem sido fundamental para fortalecer o esporte de alto rendimento no Brasil, oferecendo condições para que os atletas possam se dedicar às suas respectivas modalidades. A grande parte dos nossos medalhistas em Jogos Olímpicos e competições mundiais é beneficiária do Bolsa Atleta, destacando o impacto positivo e contínuo do programa no desempenho esportivo do país, além de incentivar os jovens atletas”, opina Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Curiosidades

A atleta que mais vezes foi contemplada com o Bolsa Atleta é Jane Karla, que começou a carreira esportiva no tênis de mesa paralímpico e depois passou para o tiro com arco paralímpico. Desde 2005, ela foi contemplada 20 vezes.

A primeira medalha olímpica conquistada por atletas bolsistas foi no futebol feminino. Em 2008, Formiga, Maurine, Renata Costa, Daniela Alves, Ester e Tânia eram bolsistas e ajudaram a Seleção Brasileira feminina de futebol a conquistar a medalha de prata em Pequim.

A primeira medalha de ouro conquistada por uma bolsista veio com Sarah Menezes, no judô. Ela foi campeã em Londres 2012, na categoria até 48kg.

Nos Jogos Paralímpicos, a primeira medalha de ouro conquistada por um bolsista foi a de Lucas Prado, do atletismo. Ele garantiu três medalhas de ouro em Pequim 2008 na classe T11, para atletas totalmente cegos: venceu os 100m e 200m, com direito a recordes mundiais, e ainda os 400m.

Presidente Lula entrega cartão simbólico do Bolsa Atleta para o atleta paralímpico Mizael Conrado, em 2005. Hoje, Mizael é presidente do CPB

Movimento paralímpico ganha força

Se nos esportes olímpicos a criação do Bolsa Atleta foi crucial para que o desempenho esportivo dos atletas brasileiros alcançasse novo patamar, nos esportes paralímpicos o programa é um divisor de águas, nas palavras do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado.

“O Bolsa Atleta é fundamental. É um divisor de águas para o desenvolvimento do esporte no Brasil. O Bolsa Atleta permitiu que muitos atletas pudessem se dedicar exclusivamente ao esporte, pudessem ter o atletismo ou qualquer outra modalidade como uma profissão, o que não acontecia antigamente”, conta.

Ex-jogador de futebol de cegos, Mizael fez parte do primeiro grupo de atletas beneficiados pelo Programa. Em 2005, ele recebeu das mãos do presidente Lula o cartão simbólico de beneficiário do Bolsa Atleta. Bicampeão paralímpico no futebol de 5, seguiu carreira como dirigente e assumiu a presidência do CPB em 2017.

Nos Jogos Paralímpicos, o salto de desempenho do Brasil é notável. Em Atenas 2004, o país terminou a competição em 14º lugar, com 33 medalhas conquistas, sendo 14 ouros, 12 pratas e 7 bronzes. Em Pequim 2008, pulou para o 9º lugar, com 47 pódios no total: 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes. Em Londres, passou para 7º: 43 medalhas (21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes).

No Rio 2016, o impacto do Bolsa Atleta foi significativo: 90% dos 285 competidores brasileiros eram bolsistas. Eles conquistaram um recorde de 72 medalhas, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes.

Na Paralimpíada de Tóquio, dos 253 atletas brasileiros, 229 eram beneficiários do programa, contribuindo para o recorde histórico de ouros conquistados: 22. O Brasil terminou os Jogos do Japão em 7º, com 72 medalhas, entre as quais 20 pratas e 30 bronzes.

“Eu costumo dizer que o programa Bolsa Atleta tem um impacto decisivo no grande salto que o paradesporto brasileiro deu, nos últimos anos. Basta lembrar que em 1996 o Brasil figurava no 37º lugar do ranking mundial do paradesporto. Já na edição de 2020 dos Jogos Paralímpicos, o time brasileiro conquistou a sua melhor posição, alcançando o sétimo lugar no ranking e recorde de medalhas. Isso não deixa nenhuma dúvida sobre a relevância do Bolsa Atleta para o paradesporto brasileiro”, afirma o Secretário Nacional de Paradesporto do Ministério do Esporte, Fábio Araújo.

Histórico

Criado pela Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004, o Programa foi regulamentado pelo Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de 2005. Com isso, os primeiros 975 esportistas contemplados pelo Programa receberam a bolsa em 2005.

Até 2010, o calendário do programa era ano-meio, não ano cheio, ou seja, ia da metade de um ano para metade do outro. Em consequência, o orçamento também podia estar parte num ano e parte no outro. A partir de 2011, o exercício do programa passou a ser de janeiro a dezembro, o que facilitou a demonstração orçamentária. Também a partir de 2011, os valores citados foram gastos nas bolsas do respectivo exercício orçamentário.

A Bolsa Atleta Pódio foi instituída pela lei nº 12.395, de 16 de março de 2011. Categoria mais alta do Programa Bolsa Atleta, ela tem como finalidade apoiar atletas com chances de disputar finais e medalhas olímpicas, paralímpicas e, agora, surdolímpicas. Para ser contemplado, o atleta deve atender critérios definidos na lei, como estar situado entre os 20 melhores do ranking mundial ou na prova específica da modalidade.

Em 2012, amparados pela Lei 12.395/11, os contemplados com o programa Bolsa Atleta passaram a ter direito de, além do benefício, contar com outros patrocínios pessoais. Com isso, os atletas ampliaram as fontes de recursos para suas atividades e passaram a ter mais estrutura para os treinamentos e custeio de despesas.

Ana Marcela Cunha: apoio do Bolsa Atleta durante uma carreira repleta de conquistas. Foto: Breno Barros/Ministério do Esporte

Histórias de sucesso

Entre as inúmeras histórias de sucesso do Programa, está a de Ana Marcela Cunha. A baiana de Salvador se tornou o maior nome da natação em águas abertas do Brasil em todos os tempos e uma das lendas mundiais da modalidade. Em sua carreira, ela se sagrou campeã olímpica em Tóquio 2020 e somou 10 medalhas em Campeonatos Mundiais: 4 de ouro, 2 de prata e 4 de bronze, além de 33 pódios em Copas do Mundo (18 ouros, 10 pratas e 5 bronzes), e um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.

Depois de conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ela falou sobre a importância do Bolsa Atleta para sua carreira: “São anos e anos tendo o Bolsa Atleta. Eu agradeço muito ao ministério e a ajuda do Governo Federal. Acho que isso foi essencial para essa continuidade”.

Outro destaque é a ginasta Rebeca Andrade, que se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro na ginástica artística em Jogos Olímpicos, em Tóquio 2020. Em suas palavras, o apoio do Bolsa Atleta foi crucial: “O programa foi um divisor de águas na minha carreira. Graças ao Bolsa Atleta, pude focar nos treinos e competições, sem me preocupar tanto com questões financeiras”.

Entre os paralímpicos, um exemplo inspirador é o do nadador paralímpico Daniel Dias, o maior medalhista paralímpico do Brasil. Ao longo de sua carreira, Daniel conquistou 27 medalhas em Jogos Paralímpicos, muitas delas graças ao suporte financeiro do Bolsa Atleta. “O programa me proporcionou a tranquilidade necessária para me dedicar integralmente aos treinos e competições. Sou muito grato por todo o apoio”, afirmou o atleta.

Os atletas falam

Raissa Machado, Atletismo Paralímpico:
“Eu compro o meu dardo e uso os meus para não estranhar a empunhadura, além de todos os custos com a cadeira de arremesso, faixas. A bolsa ajuda financeiramente o atleta, mas é, principalmente, um incentivo para quem pratica o esporte e para quem está interessado em praticar porque o atleta sabe que terá tranquilidade para seguir em frente”.

Hebert Conceição, Boxe:
“Com 15 anos comecei a receber o Bolsa Atleta e era a minha única e principal fonte de renda. Era quando eu conseguia somente focar nos treinamentos. Eu não precisava trabalhar com outras coisas simultaneamente aos meus treinos. Senão o meu rendimento não seria o mesmo. Então, eu sou muito grato ao programa Bolsa Atleta. O programa Bolsa Atleta apoia, mata a fome e alimenta o sonho de muitos jovens brasileiros e isso é muito importante”

Marcus D’Almeida, Tiro com Arco:
“Fico muito feliz de ser apoiado pelo Bolsa Atleta Pódio, já tenho anos lá, comecei com o Bolsa Atleta Nacional. É um incentivo que vale a pena, no dia que me falaram que existe o Bolsa Pódio, com o qual eu poderia conquistar até a independência financeira, eu fui atrás com toda a minha força. É um incentivo grande, a gente não paga conta com amor e é isso: atletas precisam ser valorizados e o Ministério do Esporte faz isso por nós”

Phelipe Rodrigues, Natação Paralímpica:
“Eu faço parte do Programa Bolsa Atleta desde quando comecei a nadar, praticamente, lá atrás em 2008. E realmente foi muito importante na minha carreira como atleta, fez com que eu realmente pudesse me dedicar ao esporte de alto rendimento. Só tenho a agradecer ao Governo Federal por estar cobrindo minha carreira inteira e vamos até onde a gente puder”

Duda Lisboa, Vôlei de Praia:
“A gente é muito grata, ajuda atletas não só no esporte, mas com apoio no dia a dia”.

Ana Patrícia, Vôlei de Praia:
“É um valor que ajuda a gente a dar conta das despesas que a gente sabe que não são poucas na vida de um atleta”

Diogo Soares, Ginástica Artística:
“O Bolsa Atleta está comigo há um tempo já, desde quando eu comecei a ter resultados internacionais e obtive a idade mínima necessária para estar no Bolsa Atleta. Sempre esteve me apoiando. E desde sempre foi um um incentivo muito importante, porque a carreira do atleta é bem complicada”.

Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte