O presidente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF), Leomar Quintanilha, prestou homenagem ao criador do Estado do Tocantins, Siqueira Campos, no mês de agosto. Siqueira Campos desempenhou um papel fundamental na criação do Tocantins e na história política do Brasil. Essa homenagem com cinco capítulos dedicados a sua trajetória e legado é uma forma significativa de reconhecimento.
É importante destacar que Siqueira Campos nasceu no Ceará e teve uma carreira política notável, sendo eleito deputado federal em várias ocasiões e participando da Assembleia Constituinte de 1988, onde desempenhou um papel crucial na formulação da Constituição Brasileira.
Sua despedida em 4 de julho foi uma perda significativa para o Tocantins e para o Brasil como um todo, e é importante que sua história e contribuições sejam lembradas e celebradas. A série de matérias especiais no site da FTF parece ter sido uma maneira eficaz de homenagear e relembrar a vida e a carreira de Siqueira Campos, abrangendo desde os primórdios do Tocantins até seus últimos momentos.
Essas homenagens são uma forma de manter viva a memória e o legado de indivíduos que tiveram um impacto significativo em nossa sociedade.
SIQUEIRA CAMPOS, a saga de um incansável guerreiro
Epílogo
Viver na era Siqueira Campos foi uma oportunidade para muitos. Conviver com Siqueira Campos, nesse período, foi um privilégio para poucos! Ao constatar, já então Deputado Federal, o perverso estado de abandono e sofrimento intenso, a vida severa à qual estavam submetidas milhares de famílias, totalmente desassistidas, compreendeu que o único caminho para mudar esse cruel cenário seria a conquista da autonomia dessa gente, com a criação de um novo estado. Foi aí o início da maior batalha de sua vida! E, também, de sua maior vitória! Foi algo que chamou a atenção de todos, acompanhar seus movimentos, suas ideias, suas ações.
Depois de arregimentar pessoas que, de pronto, atenderam seu chamado, compreenderam e apoiaram suas teses, levou esse sentimento da gente nortense para o Congresso Nacional. Ali, numa missão quase impossível, convenceu 594 líderes representantes dos diversos segmentos econômicos e estratos sociais de todo o país (513 da Câmara e 81 do Senado), cujos compromissos pessoais e pensamentos estavam totalmente voltados para suas respectivas regiões, seus problemas, suas aspirações, suas necessidades. Quem deles estaria preocupado com a condição de vida dos norte-goianos ou com a criação de um novo estado? Mas deu certo! Ele conseguiu! Muitos ajudaram, é fato. Mas foi graças à sua tenacidade, inteligência, lhaneza no trato, perseverança, imbatível obstinação, greve de fome, que conquistou a maior de suas vitórias: na Assembleia Nacional Constituinte, aprovou a criação do Estado do Tocantins!
Desafios
Os desafios, no entanto, estavam apenas começando. Um atrás do outro. Cada um maior do que o outro. Veio sua primeira eleição como Governador. Elegeram-se, também, seus parceiros nos parlamentos estadual e federal. Fui um deles a ocupar uma vaga na Câmara dos Deputados. Depois, a instalação do Estado. A composição de sua extensa máquina administrativa.Os órgãos de governo. A luta para preservar máquinas, veículos e equipamentos que, incompreensivelmente, o governo de Goiás insistia em retirar do território do novo Estado, como veículos, tratores, motoniveladoras, pás-carregadeiras, armamentos e munições da polícia militar, etc. Uma loucura! Convidou-me naquele momento de grande desafio de estruturar o governo, para assumir a Pasta da Educação, Cultura e Esporte. Entregou-me uma folha de papel, um organograma. Essa é sua Secretaria, assuma! Não fugi da luta!
Procurei a Delegacia de Ensino da cidade de Miracema e ali me instalei. Não tinha sequer telefone. Obtive, por empréstimo, da Agência da Emater uma extensão do seu telefone e foi assim que começamos. Com imenso sacrifício, levantamos a base de recursos humanos existente no estado e, com seu apoio, colocamos o sistema educacional para funcionar em tempo hábil do ano letivo. As aulas começaram na data certa, sem atrasar um dia! Encontramos uma realidade muito dura. Não havia uma escola que não tivesse problemas físicos. A grande maioria com suas instalações hidráulicas, elétricas e sanitárias depredadas. Quadros-negros arrebentados. Telhados caindo aos pedaços. Muito vazamento, muita infiltração. Nos pátios, montanhas de carteiras escolares quebradas. Em algumas escolas, alunos sentavam-se no chão. Um inferno!
Sala de aula
E, pior, havia em sala de aula professores que não possuíam o primeiro grau completo, dando aula. Foi um custo entender que se tratava de sacrifício daqueles que, com uma remuneração miserável, procuravam transmitir o pouco que sabiam a quem não sabia nada. Ali vi que a máxima “em terra de cego quem tem um olho é rei” tinha sentido. Levamos ao Governador a necessidade imperativa de formar nosso corpo docente. Era urgente a necessidade de se criar uma universidade estadual.
O Governador, a princípio, alegou a falta de recursos para tal e que deveríamos utilizar a Universidade Federal. Argumentamos, na ocasião, que inexistia a Universidade Federal em nosso território e que sua instalação poderia demorar, com prejuízos imensuráveis para a educação do Estado. O Governador entendeu e prontamente criou a UNIVERSIDADE DO TOCANTINS-UNITINS, com sete campus que verificamos não atender, na totalidade, as necessidades do estado que tinha, então, 62 municípios. A solução definitiva veio pouco depois com o ensino à distância, que nos permitiu colocar um sistema de graduação em todos os municípios, inclusive nos mais pobres e mais remotos. Cuidamos, então, da formação dos nossos profissionais da educação que ainda não possuíam a formação adequada.
Com o ensino superior em nosso território, estancamos uma forte evasão dos nossos jovens que concluíam o ensino médio e demandavam outras unidades da federação, como Goiás, Belém, Bahia, em busca de sua formação. E, melhor, abrimos oportunidade para aqueles que concluíam o segundo grau e não tinham recursos para buscarem sua formação em outros estados. Implantou-se um vigoroso sistema de saúde com a construção de hospitais de baixa, média e alta complexidade, distribuídos estrategicamente pelo estado para atender a alta demanda da população e mitigar seu sofrimento.
A Agricultura, O Meio Ambiente, a Infraestrutura, os Poderes Judiciário e Legislativo, A Comunicação, os demais poderes, tudo funcionando a pleno vapor para completar o arcabouço de constituição do mais novo estado da federação. A nova Capital, Palmas, de concepção planejada, moderna, equidistante de todos os municípios, veio fulgurante e majestosa cumprir seu desiderato. É, hoje, motivo de muito orgulho para todos os tocantinenses. Quem a visita, logo se encanta com ela! Sua localização à margem direita do Rio Tocantins teve o propósito de transformá-la no dínamo indutor do desenvolvimento daquela importante região.
Modalidades esportivas
Siqueira Campos apoiou todas as modalidades esportivas e estimulou essas atividades, bem como a organização de suas representações. Assim foi com a FEDERAÇÃO TOCANTINENSE DE FUTEBOL (FTF), criada com seu apoio. Chegava a comparecer em algumas de nossas reuniões. Construiu o Estádio Nilton Santos, a maior e mais importante praça esportiva do estado e deu-lhe essa denominação, então inédita, em homenagem a um dos maiores expoentes do futebol brasileiro. Nilton Santos ainda nos brindou com a organização da Escolinha de Futebol Nilton Santos, criada por Siqueira, que contemplava a educação esportiva de centenas de crianças. Reformou e reestruturou o Estádio Resendão, em Gurupi, à época, depredado e com invasores habitando suas instalações. A obra foi completa e o estádio ficou com gramado totalmente recuperado, suas instalações também, além de construir arquibancada, energizar, iluminar e construir sistema de irrigação. Assim viu Wilson Castilho, hoje Presidente da Liga Tocantins Araguaia de Gurupi. Reformou o Ginásio de Esportes de Gurupi e outros equipamentos ali existentes, conforme testemunha Felipe Rodrigues de Carvalho Neto, responsável pelos equipamentos esportivos.
Construiu, via Secretaria de Esportes, cujo Secretário à época era o jovem Jayme Lourenço, em convênio com a Federação Tocantinense de Futebol, um belo estádio de futebol na cidade de Arraias, como lembra nosso emérito preparador físico Oscar Alves, que acompanhou tudo com muito interesse. O Sr. Prefeito… colaborou construindo um belo vestiário.
Para o Professor Durval, ícone do futebol Paraisense, “o Siqueira sofreu com a gente, quando se jogava futebol na terra, no cascalho. Hoje, depois de uma grande evolução, de um grande trabalho, vemos, para alegria nossa, jogadores da terra brilhando em outras partes do país e, até, fora dele.” Márcio Leonino de Oliveira, o ROMÁRIO, também abnegado líder do futebol Paraisense, ninguém apoiou mais o esporte e, particularmente, o futebol no Tocantins do que Siqueira Campos.
Leomar Quintanilha
Presidente da Federação Tocantinense de Futebol
=================================================
Confira aqui todos os capítulos:
FTF vai homenagear Siqueira Campos no mês de agosto em 5 capítulos
Capítulo 1: Siqueira Campos: visionário, teimoso e obstinado
Capítulo 2: 2º Capítulo: Papel de Siqueira Campos na luta separatista do Tocantins
Capítulo 3: 3º Capítulo: Siqueira Campos, um empreendedor idealista pelo Tocantins
Capítulo 4: Siqueira Campos e sua importância para o esporte do Tocantins
Capítulo 5: Siqueira Campos, a saga de um incansável guerreiro