Cadê um dos pioneiros do jornalismo esportivo Luciano Moreira que trabalhou na Comunicatins
Em primeiro lugar cadê um dos pioneiros no jornalismo esportivo do Tocantins, tendo como pontapé inicial em Palmas, seu primeiro emprego na Comunicatins que pertencia ao Governo do Estado. Estamos falando do jornalista Luciano Moreira. Por onde anda?
Trajetória
Luciano Moreira chegou ao Tocantins na curiosa data de 31 de dezembro de 1992. Meio assustado ao que estava vendo, quando o ônibus parou em Taquaralto e o pessoal começou a descer, ele olhou em volta e pensou alto: “onde eu vim me meter”! Uma passageira que estava mais atrás ouviu e falou: “calma, Palmas é mais à frente”.
Conta ele que estava trabalhando como repórter na TV Tocantins, em Anápolis, quando foi convidado por Sebastião Vieira de Melo, então diretor da TV Real (SBT), que havia visto uma reportagem sua e comentou sobre seu trabalho com uma pessoa que, por acaso, me conhecia e passou meu contato.
Ao descer do ônibus, Moreira pegou o único táxi que havia em Palmas, um Opala, e seguiu para a sede da TV Real. Ao chegar à empresa, acontecia um protesto dos funcionários por salários atrasados. Sentou-se na calçada e “desabou”.
Um rapaz loiro, com grandes olhos azuis, que depois fui saber ser Marson Nascimento, perguntou a ele o que estava fazendo ali, com mala, mochila e uma TV debaixo do braço. Expliquei o caso e ele me falou: “ali, naquela outra antena, é a sede da Comunicatins, mas é uma TV do governo”.
Luciano Moreira não teve dúvidas. Pegou sua “trouxa” e foi bater na Comunicatins. “Fui levado ao seu diretor, Ruy Bucar, contei sobre meu trabalho e lhe entreguei uma fita VHS com algumas reportagens. Lembro que Ruy foi até o outro prédio, demorou uma meia hora e voltou, perguntando se eu poderia começar a trabalhar naquele dia, mesmo”, comemorou.
Amizades
Assim começou sua história jornalística no Tocantins. Seis meses depois, já instalado em uma casa na Arse 51 e testando suas habilidades de goleiro no “campo da 71”, onde já havia feito amigos como Martinez Luís de Souza, Geraldo Barbosa Neto, Vander e Leomar Quintanilha (que eu não fazia ideia que era senador), conversando com Marcelo Silva, hoje marqueteiro, veio a pergunta: “porque você não faz um programa de esportes?”
Aproveitou as amizades e começou a acompanhar os campeonatos amadores de futebol de Palmas e cidades vizinhas. Quando a Comunicatins começou a transmitir o jornal do meio dia, chamado ”Tocantins em Manchete”, ganhei cinco minutos do noticiário, no fim, com direito a vinheta e o nome “Manchete Esportiva Tocantins”.
Seu maior incentivador, sem sombra de dúvida, foi o senador Leomar Quintanilha, também presidente da Federação Tocantinense de Futebol, que até nos dava carona para filmar jogos no interior do Estado.
A Comunicatins passou a retransmitir o sinal da TV Cultura, de São Paulo. O Manchete Esportiva passou a se chamar “Sportv Tocantins”, mesmo sem ter nenhum vínculo com o braço do jornalismo esportivo em TV fechada da Rede Globo (um pequeno e inocente plágio, confesso, à época). Veio a criação do Palmas Futebol e Regatas, da qual participou, junto com demais amigos.
Luciano Moreira lembra que na primeira reunião de criação do Palmas a maior preocupação era saber como o então governador, José Wilson Siqueira Campos, principal incentivador da fundação do primeiro time profissional da Capital e presente à reunião, flamenguista apaixonado, iria encarar o “seu time” com cores diferentes às do Flamengo. Isso gerou até uma certa tensão na reunião.
No fim, assumiu seu papel de jornalista, criou coragem e, na entrevista, perguntei “na lata”: “em um hipotético Palmas x Flamengo, para quem o senhor torceria?” Siqueira Campos me olhou sério, respirou fundo e, um tanto contrariado, falou: “pronto! “Nem criamos o time e já temos um problema! Depois, abriu o semblante em um sorriso, ante a minha cara de preocupação pela pergunta impertinente, e disse: “claro que como tocantinense, vou torcer para o time do meu Estado…. mas um empate seria o ideal”, ressaltou.
Pitchulinhas
Com o Palmas veio a necessidade de um estádio de futebol na Capital. Veio, então, o lançamento da pedra fundamental do Estádio Nilton Santos, nome sugerido pelo então secretário de esportes, Jayme Lourenço. Antes da cerimônia, Nilton Santos, em pessoa, apareceu nos estúdios da Comunicatins, levado por Jayme e Thelma Siqueira Campos, não sei se de propósito, exatamente no horário em que apresentava o “Sportv Tocantins”.
Pelo vidro do “aquário”, Luciano Moreira viu Thelma, Jayme e Nilton Santos. “Chamei” um intervalo e tive a audácia de pedir que Nilton Santos me concedesse uma entrevista “ao vivo”. Muito simpático, o “maior lateral-esquerdo da história do futebol”, a “enciclopédia”, estava ao meu lado, dentro do estúdio, quando o intervalo acabou.
“Comecei a entrevista com um “obrigado pelo senhor nos conceder essa entrevista”, no que ele retrucou “senhor é Deus”! Sem perder a linha, repliquei; “mas é que o senhor é um Deus do futebol”. Ele gargalhou e foram 10 minutos de entrevista (o programa inteiro tinha cinco minutos!) descontraída e cheia de simpatia”, destacou.
Luciano Moreira conta que dividiu com o jornalista Darlan Andrade a transmissão “ao vivo” do lançamento da pedra fundamental do Estádio Nilton Santos. Foram quase cinco horas de transmissão, sem intervalo. O evento, prestigiado por radialistas esportivos de todo o Brasil, ficou marcado pelo maior churrasco coletivo da história do Tocantins e pela distribuição gratuita de “pitchulinhas” um guaraná fabricado em Goiás, mas que virou febre, depois do evento, no Tocantins e se tornou elemento obrigatório em todos os grandes eventos.
Foram quatro anos de programa e um agradecimento especial ao então repórter cinematográfico, Élcio Dias, que mesmo sem ganhar um centavo de diária ou hora extra, fazia questão de estar ao meu lado, fazendo o programa junto comigo.
Curiosidades
Dos fatos mais curiosos, citados pelo jornalista foi a passagem de um ex-piloto da classe Turismo, de automobilismo, com 70 anos de idade, que fez “drifting” com um “gol quadrado” envenenado (para meu desespero e do repórter cinematográfico José de Deus, que estávamos dentro do carro), nas rotatórias da JK, que foi ao Tocantins sugerir a construção de um autódromo, em 1995.
A cobertura da primeira edição do Rally dos Sertões a passar pelo Tocantins, na qual eu e o repórter cinematográfico Pedro Barbosa sofremos um acidente aéreo (sem maiores consequências) ao chegar à cidade de São Félix do Jalapão para registrar a passagem dos pilotos.
Na segunda edição da mesma competição, voltando de carro de São Félix, dois pneus do nosso veículo de reportagem furaram entre o nada e lugar nenhum, nos obrigando a ir apenas com três pneus os 80 km restantes até a cidade de Novo Acordo, onde chegamos às 2h, arrastando a traseira do carro no asfalto, produzindo faíscas e acordando a cidade inteira.
Salvando vida
Moreira conta um fato inusitado ocorrido numa final de campeonato entre Kaburé x Tocantinópolis, em que ele e Élcio Dias salvaram a vida do árbitro Enivaldo Ribeiro de Almeida https://aloesporte.com.br/cade-enivaldo-ribeiro-um-dos-principais-nomes-da-arbitragem-tocantinense-na-decada-de-90/ literalmente jogando-o dentro do carro de reportagem e atravessando a cidade sob pedradas e laranjadas.
Da cobertura da partida entre Kaburé x América Mineiro, em que o time tocantinense eliminou o então campeão Mineiro em pleno Estádio da Independência, em BH. Na ocasião, estava comigo o saudoso repórter cinematográfico Ernanes. Filmaram o jogo na tribuna de honra do estádio, com os sócios eméritos do América Mineiro a nos observar. Ao fim do jogo, com a classificação garantida, tirei a camisa do Kaburé que trazia enrolada à cintura, e a desfraldei, girando no ar e gritando “Kaburé, Kaburé”, para, logo em seguida, pegar o tripé da câmera e sair correndo dos sócios americanos, enfurecidos, pelos corredores internos do estádio até chegar ao gramado e à segurança da delegação do Kaburé. Dez minutos depois, chegou o Ernanes: “você é louco!!! Me deixou lá!!! Nem sei como estou vivo!!”.
Trago na memória, também, a partida entre Kaburé x Flamengo, pela Copa do Brasil, um “cruzamento” de times conseguido pelo presidente Leomar Quintanilha junto à CBF. “Fomos para Colinas do Tocantins com uma semana de antecedência, mostrando a montagem da arquibancada extra, a movimentação na cidade, a chegada de torcedores flamenguistas de todo o Norte do Brasil, vendedores de camisas, bandeiras, toucas, se instalando nas proximidades do estádio”, relembrou.
Na preliminar do jogo, Luciano Moreira atuou pela equipe de Veteranos da Federação Tocantinense de Futebol, foi para o gol no segundo tempo, quando perdíamos de 2 x 0 para a equipe de Veteranos do Kaburé. Empataram a partida, mas aos 45 do segundo tempo, o juiz (local) marcou um pênalti contra nosso time”, comentou. Mas ele recorda que então técnico do Palmas, o ex-jogador Carlos Magno, com quem jogava peladas todas as semanas na Capital, passou por ele e falou: “pega e se consagra!”. Para minha sorte, o batedor cobrou tão mal o pênalti, que tive que botar força nos braços para jogar a bola para escanteio. A torcida veio abaixo. O juiz apitou o fim da partida e eu fui cumprimentado por todos os jogadores.
Mágoa
Ao chegar à cabine onde a equipe estava preparada para filmar o primeiro jogo do Flamengo em território tocantinense, a primeira coisa que ele fez foi perguntar ao repórter cinematográfico Frederick Borges: “filmou?”. Ele respondeu: “filmei, mas já gravei por cima, senão você ia ficar muito metido!”. Guardo essa “mágoa” até hoje…
No mais, apenas boas recordações das peladas, do “Jogo dos Amigos”, que todo fim de ano reunia amigos torcedores de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo para um quadrangular festivo (quando saí do Tocantins, o Flamengo, equipe da qual era o goleiro, ainda tinha a hegemonia desse torneio).
Bons tempos vividos com Martinez, Vander, Haydn Lins, Carlos Magno, Gilberto Sorriso, Netão, Mamede, Marquinho, Darlan Andrade, José Wilson (o habilidoso), Élcio Dias, Salomão Aguiar, e todos os muitos amigos que fiz, dentro do esporte e do jornalismo, como você próprio, Reinaldo Cisterna, chegado de São Paulo, trabalhando no Jornal do Tocantins.
Camisa 17
Trouxe comigo, de lembrança, a camisa 17 do Palmas, usada pelo centroavante Jura, que marcou o gol do título do Palmas sobre o Interporto, não lembro o ano, no campo da Arno 43 (primeira partida de futebol transmitida ao vivo por uma emissora tocantinense (Comunicatins), com a antena improvisada em cima de um poste de energia, a “cabine de transmissão” sobre a carroceria de um caminhão e o repórter de campo sendo o então presidente da Comunicatins, o saudoso Jr. Coimbra. Essa camisa, inclusive, é o maior objeto de desejo do Martinez, que já me fez diversas ofertas por ela. Segundo ele, a camisa 17, do gol do título, está no Rio de Janeiro, com a sua mãe. “É isso, meus amigos. Obrigado pela oportunidade”, finalizou Moreira.
Luciano Moreira e a família estão morando na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde segue exercendo a profissão de jornalista, como Assessor de Comunicação na Prefeitura Municipal. Ele e e sua família deixaram Palmas há 11 anos.
Perfil
Nome completo: Luciano Moreira
Nasceu onde: Anápolis (GO)
Idade/Data de nascimento: 26/05/1968 – 52 anos
Ídolo no futebol: Zico
Casado: com a jornalista Andréa Luiza Collet
Filhos: 4
Pedro Henrique Pareja Moreira
Eduardo Moreira Freire Collet
João Daniel Carvalho Moreira
Ana Laura Collet Moreira
Time que torce: Flamengo
Locais onde trabalhou na Comunicação
TV Globo (Brasília, Anápolis e Goiânia)
Comunicatins, Jornal Diário Tocantinense (impresso)
Jornal Folha Popular (impresso)
Assessor de Comunicação da Secretaria Estadual do Esporte, na gestão de Jayme Lourenço